Dandara Baldez: Voz sem Medo 

Dandara Baldez: Voz sem Medo

“No ambiente que estávamos envolvidos todos me silenciaram. Você não pode falar disso agora…” #4 Dandara Baldez

2a temporada da websérie Voz sem Medo – Coletivo Ponto Art (1)

“Quem carrega o nome de Dandara, por si só, já evoca de forma única a ancestralidade e a resistência. Nascida em São Luis do Maranhão, onde através de sua avó herdou um vasto legado cultural Banto, Dandara percorreu os mais fecundos terreiros como a Casa Fanti-Ashanti, dialogando e aprendendo entre outros com a família Menezes, uma das mais tradicionais da cidade, composta sobretudo por mulheres de grande talento e devoção, inigualáveis guardiãs das manifestações populares maranhenses.

Praticante da Capoeira Angola desde os cinco anos de idade, tornou-se mestra no grupo Capoeira Angola Canzuá. Pesquisadora e brincante, excele em diversos territórios das manifestações populares brasileiras, atuando em suas danças e tambores.

Dandara desconstrói e reforça as tradições, num corpo que resiste, reconstrói e polemiza trazendo novas dimensões às linguagens, fazendo ecoar sua voz única que presenteia há 15 anos a cidade de Salvador. Lidera o coletivo do tambor de Crioula « Baiei na Bahia », um dos lugares onde reivindica sem cansaço o espaço do povo preto e seu protagonismo nas manifestações ancestrais da afro-diáspora. Quem a encontra em uma roda jamais esquece sua força, habilidade, beleza e maestria.”

Mestra Dandara Baldez (por Mônica Freire)

 

Dandara Baldez: Voz sem Medo  Capoeira Portal Capoeira 1Natural de São Luiz do Maranhão e residente na Bahia há 15 anos, Mestra Dandara Baldez começou a treinar capoeira aos 5 anos na casa-escola de sua avó. Aos 12 foi para a primera academia fora de casa, com o Mestre Betinho, e aos 14 começou a treinar Capoeira Angola com o Mestre Alberto Euzamor.

Além da Capoeira Angola ela também é Mestre em Danças Populares pela UFBA e ministra aulas na turma de graduação desta Universidade.

 

MANIFESTO DAS MULHERES DO GT SALVADOR E REGIÃO METROPOLITANA DE SALVADOR DA SALVAGUARDA DA CAPOEIRA NA BAHIA (2)

 

Nós, mulheres que compõem o GT RMS da Salvaguarda da Capoeira na Bahia, mulheres atuantes – como tantas outras companheiras – no cenário da capoeira, viemos manifestar nosso posicionamento diante da repercussão sobre o risco de silenciamento de mais uma situação de violência de gênero na capoeira, a partir da ampla veiculação de um depoimento em vídeo, dado pela mestra Dandara Baldez e veiculado através do Youtube, pelo canal do Coletivo Ponto Art. Nele, a mestra denuncia um abuso cometido por conhecido mestre de capoeira angola. Lamentável. Em seguida, também tivemos conhecimento de um vídeo com ampla veiculação em grupos de whatsapp, gravado pelo mestre Cobra Mansa, solicitando uma ‘oportunidade de diálogo’.

Ocorreram, assim, algumas manifestações advindas de coletivos compostos de mulheres em sua maioria, repudiando o fato e prestando solidariedade à mestra. Há amplo registro dessa movimentação nas redes sociais. Elucidamos que a presente manifestação, se orienta pelas indicações (ou falta delas) do Plano de Salvaguarda da Capoeira da Bahia, construído em longo processo de reuniões coletivas, entre diferentes segmentos e territórios da capoeira no Estado da Bahia.

Nosso maior objetivo é entender essa lamentável denúncia de abuso sob uma ótica que pretende contribuir para o debate e para a nossa reflexão enquanto representantes múltiplxs e diversxs da capoeiragem e da sua Salvaguarda. Não entendemos como nossa função emitir julgamentos ou sentenças sobre xs envolvidxs e xs que se envolveram desde a veiculação do depoimento da mestra Dandara.

Contudo, a comunidade da capoeira necessita, com urgência, refletir coletivamente e falar sobre seus tantos, inúmeros e recorrentes episódios de abuso, e sobre os também inúmeros representantes da capoeira que os cometem e que prosseguem ilesos e equivocados, achando que nenhuma consequência há em seus atos que traumatizam vidas, silenciam pessoas e transformam a capoeira em um ambiente perigoso, não apensa para mulheres, mas também para meninas e meninos. Esse ambiente em que vemos com apreensão o envolvimentx de nossxs filhxs, é a Manifestação Cultural para a qual criamos tantas estratégias, buscando combater o preconceito social que sempre tratou a capoeira como coisa marginal e de marginais… (manifesto completo no final do texto)

# Na opinião deste site, É PRECISO ENTENDER que este coletivo de mulheres não representa a totalidade das mulheres da Bahia… temos de refletir e trazer outros coletivos para entender o contexto e assim podermos juntos compor um quadro mais amplo… entretanto o Grupo de trabalho entendeu se manifestar em virtude de uma causa maior… um debate recorrente onde cada vez mais estamos vendo inúmeros casos de violência e abuso, tendo como gatilho o depoimento de Dandara Baldez.

 

O outro lado da moeda

Mestre Cobra Mansa divulgou um video (3) nas comunidades whatsapp onde aborda suas crenças sobre a sociedade, sobre o entendimento do dialogo e as oportunidades de encontrar soluções… No video vemos um homem disposto a assumir de forma humilde seu comportamento, sem medo de expor suas atitudes e sua capacidade de entender que NÃO QUER DIZER NÃO!!! apesar de que no entendimento de muitas pessoas esta é uma barreira que jamais deveria ser transpassada, entendendo que o corpo é sagrado e o acesso a ele deveria ser somente possível com permissão explícita… 

O Portal Capoeira entente que não existe aqui um VERDADEIRO CRIME DE ABUSO/VIOLÊNCIA JÁ QUE NADA DISTO AINDA FOI “JUDICIALIZADO”  E NINGUÉM DEVE SER ACUSADO, JULGADO E CONDENADO sem o devido processo legal!
Estamos abertos ao dialogo… e convidamos o Mestre para esta conversa, para entender a situação através dos olhos e dos sentimentos de “Cobrinha Mansa”.
Acreditamos que toda história deve ser contada e ouvida… para que possamos juntos chegar a um melhor entendimento… 
Também entendemos que algumas medidas precisam ser tomadas em colaboração com a criação de ambientes mais seguros para mulheres na capoeira e em todas as manifestações ligadas direta e indiretamente a cultura popular, é preciso parar para refletir e pensar em ações que fomentem o entendimento do FEMINISMO e da responsabilidade de todos nós, que lutamos por uma capoeiragem sem preconceito, sem credo, sem raça e sem cor… fortalecendo e legitimando a luta anti-machista e patriarcal.

Ver mais:

 

(1) Masculinidade: Solon Diego Realização: Coletivo Ponto Art ( Jaqueline Elesbão, Nai Meneses e Anderson Gavião) Gravação: Gira Pompa (Malaika KB e Marise Urbano) Trilha sonora:Ives Padilha Intérprete de Libras: Gabriela Mattos (Pense Libras ) Locação: Casa Charriot www.coletivopontoart.com.br

(2) MANIFESTO DAS MULHERES DO GT SSA RMS SALVAGUARDA BAHIA

(3) O vídeo relativo ao Mestre Cobra Mansa foi veiculado por whatsapp, não encontramos em nenhuma plataforma de rede social.

Contatos com a Mestra podem ser feitos por e-mail e via redes sociais: Instagram

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